Na Bula de convocação para o Jubileu de 2025, o Papa Francisco, entre as atividades para celebrar o Jubileu, recomenda que se multipliquem iniciativas em favor da ecologia. Isso significa que, ao lado de atividades de cunho mais espiritual, como peregrinação, retiros, confissão, perdão, indulgência, obras de caridade, o Papa tem o desejo de que a celebração do Jubileu deixe uma marca no ambiente em que vivemos, tanto na vida das pessoas quanto no mundo que nos cerca.

Há muitos sinais de destruição e de descuido com a natureza ao nosso redor. Isso se deve, em parte, a uma mentalidade do passado. Agredia-se a natureza para desfrutar o que ela oferecia e para buscar um lugar onde morar. O que não era usado era jogado fora em qualquer lugar, muitas vezes nos rios. Não se cuidava muito do solo; o que interessava era usufruir. O Jubileu é uma oportunidade para olharmos para o nosso mundo e aprendermos um modo diferente de nos relacionarmos com o meio ambiente. Um exemplo disso é a destinação do lixo que produzimos.

Fica aqui o chamado para que, neste ano jubilar, se organizem, em nossas comunidades e pastorais, atividades que tornem o ambiente mais aprazível. A vivência da fé deve se refletir na construção de um mundo melhor, tanto física quanto humanamente.

A Campanha da Fraternidade de 2025 vem ao encontro do que está sendo apresentado. O tema é “Fraternidade e Ecologia Integral”. Há uma conexão inseparável entre a nossa fé e a busca incessante dos valores que constroem a harmonia entre o ambiente e a vida humana que se desenvolve nele. A mudança de vida que vem pela ecologia integral acontecerá com a conversão pessoal e se estenderá em gestos e cuidados com o outro e com a natureza.

A Laudato Si mostra que a Ecologia Integral é constituída de vários elementos que agem de forma interligada. A ecologia ambiental apresenta a relação dos organismos vivos com o ambiente. A ecologia social diz respeito aos grupos organizados que defendem o meio ambiente e a qualidade de vida. A ecologia cultural dá atenção ao que a humanidade e os diferentes grupos foram construindo. Há ainda a ecologia do cotidiano, que diz respeito ao planejamento urbano, à criação de espaços de convivência, moradia e transporte. A Ecologia Integral é também espiritual. Deus criou tudo com amor. Todos os elementos são bons e se orientam para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. A existência humana se baseia na relação entre três elementos fundamentais: com Deus, entre os seres humanos e com a terra.
 

Por dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, arcebispo de Florianópolis | Foto: ASCOM da Arquidiocese