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COMUNICADO DE FALECIMENTO
Com pesar, mas com a certeza da Ressurreição, a Diocese de Lages e os Missionários Redentoristas comunicam o falecimento do pe. Abílio Copetti, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. A Diocese de Lages agradece a Deus por sua vida e serviço ministerial missionário por mais de 30 anos em Lages. Que Deus conforte os corações de amigos e familiares, e Nossa Senhora do Rosário o tenha acolhido junto a Jesus Cristo na Casa do Pai. Que a missão de Pe. Abílio continue a inspirar a todos e que ele descanse em paz. O velório terá início às 9h30, na Matriz da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. A Missa de Corpo Presente será celebrada às 15h, presidida pelo bispo diocesano, Dom Guilherme Antonio Werlang. Em seguida, o corpo será trasladado para Santo Ângelo/RS, para sepultamento.
BIOGRAFIA DO REVMO. PADRE ABÍLIO COPETTI
Nascido em berço cristão, Pe. Abílio tinha outros parentes padres redentoristas, já falecidos (Pe. Sílvio, Pe. Olivo), bem como, uma irmã religiosa.
Filho de Jorge Copetti e Helena Faccin, nasceu em 31.01.1934, em Santo Ângelo (RS). Ingressou no seminário de Pinheiro Marcado (RS) em 01.03.1945, de onde passou a Aparecida, fazendo o noviciado em Pindamonhangaba e a profissão religiosa em 02.02.1956. Continuou os estudos em Tietê (SP), sendo ordenado sacerdote no dia da inauguração do seminário Menino Deus (IMD) em Passo Fundo, dia 06.01.1961, por D. Antônio Ferreira de Macedo.
Em 1962, fez, então, o tirocínio pastoral na Penha (SP) e, no primeiro semestre de 1963, o segundo noviciado em Pindamonhangaba, passando a vigário na cidade de Garça (SP). Foi professor em Passo Fundo de 1965 a 1968, quando o seminário se tornou colégio misto. Na época de professor, brincando e sorrindo, afirmava que estava “cinco páginas à frente” nas lições aos alunos.
Naquele tempo, sem muita preparação pedagógica, didática e metodológica, o magistério era angustioso para os padres novos, muito comumente nomeados para esse serviço.
Foi missionário itinerante por diversos anos. Integrou a equipe missionária de Passo Fundo (68-70) e trabalhou em Crixás (GO) na ajuda prestada pela província de Porto Alegre à prelazia de Rubiataba (71-78).
Missionário em Cachoeira do Sul (76-80) e Lages (81), trabalhou como vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Lages (82) e do Santuário de Nossa Senhora Consoladora de Ibiaçá (82-83), no Rio Grande do Sul. Voltando para a equipe missionária de Cachoeira do Sul (84-87), passou a vigário de Lages (90), onde permaneceu no trabalho pastoral conforme suas possibilidades. Nos últimos tempos, Pe. Abílio sofria com problemas de saúde causados, também, pela alta taxa de elementos pesados no corpo, entre eles o arsênico, cuja causa nunca foi diagnosticada e os diversos tratamentos apresentaram resultados desiguais.
Pe. Abílio tinha personalidade um pouco retraída, mas era o encanto das crianças nas missõezinhas. Com jeito simples, palavras do dia a dia, gestos cômicos, encenação de historinhas, conteúdo bem preparado, tornava-se o enlevo dos pequenos e até dos missionários mais experientes, que o observavam meio escondidos para não perturbar sua pregação aos “modelos do Reino”.
Enquanto missionário, também sempre dedicou o tempo livre à leitura para preparação e melhoramentos de sermões, palestras e missõezinhas. Dizia que precisava desse tempo para “recarregar os cartuchos e os canhões”.
Por sua gesticulação particular, o bispo de Rubiataba o chamou de “anjo desengonçado”. De fato, sua estada nessa região de Goiás foi para ele um tempo de grandes realizações, mas também de muito sofrimento devido à solidão, como narram suas cartas ao provincial. Mas não se deixava abater, disponibilizando-se, inclusive, para ir além, à Bahia, onde a província atendia a outros pedidos de socorro. Pe. Abílio nasceu para a comunidade, não gostava de ficar sozinho, necessitava de pessoas para o animar, escutar, brincar e distrair. Era particularmente sensível às festas de final de ano, quando ficava ainda mais emotivo. Foi um vigário paroquial metódico e consciencioso, executava o que tinha sido planejado, via o trabalho a ser feito e demonstrava iniciativa. Sua dificuldade era mais com a organização, decisões e planejamento. Homem da execução fiel do que fora decidido e planejado, demonstrava todo o seu carinho pelos doentes e idosos através das inúmeras visitas, especialmente pelos pobres, aos quais dedicou seu tempo, trabalho e alegria. Dado à leitura, Pe. Abílio conseguiu atualizar muito bem sua teologia,
superando traumas, medos e complexos nascidos de certo rigorismo em sua formação. Devorava os livros de moral para obter confirmação nessas questões. Os vários cursos de Bíblia que realizou ajudaram-no a abandonar atitudes demasiado rígidas, em favor da benignidade, humanidade e acolhida do outro na pastoral.
Comunitariamente, sua presença sempre foi alegre. Gostava de conversas divertidas, sem discussões de assuntos mais completos, seja por timidez natural, seja por certa introjeção da avaliação de que seria intelectualmente fraco, coisa não confirmada, nem pelas notas, nem por seus professores de teologia e filosofia. Por muito tempo também se ocupou da eletrônica, consertando e preparando a aparelhagem para a equipe missionária.
Enfim, dentro de suas possibilidades e com seus limites, gastou os dias pelos redimidos, livre e desimpedido, mesmo para urgências pastorais desafiadoras, confiando no que disse o Apóstolo: “Pela graça de Deus sou o que sou e a graça não foi inútil em mim” (1Cor 15,10). Deus o chamou a si em Lages (SC), onde estava hospitalizado, no dia 4 de novembro de 2024. Dai-lhe,
Senhor, o descanso eterno e a luz perpétua o ilumine. Descanse em paz. Amém.