Testemunhos da esperança
Testemunhos da esperança
DONA ALICE – PIONEIRA DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA EM SANTA CATARINA
“O que essa mulher e seu marido Osvaldo fizeram pela diocese de Lages nunca ninguém fez. Eles são joias preciosas para a nossa diocese”. (Dom Oneris Marchiori)
O Jornal Caminhada deste mês traz o testemunho de Alice da Silva Carvalho, pioneira da RCC em Santa Catarina. Junto com seu esposo, Osvaldo Carvalho (in memoriam), dona Alice andou pela Diocese de Lages e por todo o estado pregando a Palavra, rezando e louvando a Deus. Hoje, mesmo com idade avançada, tem uma vida bastante ativa e firme na caminhada. Recebeu a mim e ao Coordenador Diocesano de Pastoral, Padre Álvaro, em sua casa, para uma conversa agradável, com recordações e muita esperança.
Aos 94 anos, caminha com agilidade pela casa, participa semanalmente de Grupos de Oração e ainda cuida dos próprios negócios. “Estou construindo uma casa aqui atrás pro meu neto morar comigo. Porque as netas foram tudo embora. E a filha, mais tarde, claro que vai morar com as filhas. Daí eu fico com o neto”, ela diz sorrindo. Relata que nesse local faz suas leituras diárias; para isso, são providenciadas cópias ampliadas de publicações religiosas, usa óculos e uma lupa.
Ela mostra o livro “Dona Alice – uma vida dedicada à Renovação Carismática de Santa Catarina”, escrito por Antônio Marcos da Cunha. Ali, encontramos várias passagens de sua trajetória, que vai confirmando na conversa.
Um pouco de sua história
Nasceu no dia 15 de outubro de 1929 em Rio do Oeste. Seus pais sempre foram católicos fervorosos, as crianças cresceram na fé. Aos 15 anos, conheceu o grande amor de sua vida, o sr Osvaldo. Após três anos de namoro e um de noivado, casaram-se na igreja matriz de Rio do Sul.
Em 1948, mudaram-se para Ponte Alta, em 1949 nasceu o primeiro filho, Waldir, que faleceu com 4 meses de vida. “Dois anos depois Deus nos presenteou com uma linda menina, a qual demos o nome de Maria Waltair”. Quando Waltair completou 12 anos, a família decidiu mudar para Lages, para que a filha pudesse estudar e se formar.
Em Lages, dona Alice participava do Apostolado da Oração, na Catedral Diocesana, e em 1977, participaram do Cursilho, na Casa de Formação. Essa experiência despertou o casal para a liderança, o ensinamento e entendimento sobre a vida comunitária. Foi o Frei Felipe Gabriel Alves, conhecido como Frei Filipinho que fez o convite para a Renovação Carismática Católica (RCC). Dona Alice a princípio não valorizou muito, mas o marido aceitou prontamente o convite. Ela afirma, em seu livro: “Participei de vários eventos da RCC junto com o Osvaldo e o Frei Filipinho, mas ainda não tinha tido um encontro pessoal com Jesus”.
Esse encontro aconteceu em 1979, num Congresso da Renovação em Belo Horizonte – MG. Ela e o marido, Sr Osvaldo de Carvalho, foram convidados pelo Frei Filipinho para ir ao Congresso Nacional da RCC. “Daí o Osvaldo já se assanhou pra ir... Eu disse: eu vou, mas vou para ficar no hotel. Separei a minha roupa da dele. Vou ficar num hotel e você vai nesse encontro com o frei”. Mas quando chegaram lá, numa chácara das irmãs, veio um casal sorridente recebê-los, e insistiu, que o quarto do casal já estava pronto. Ela ficou... “Sexta-feira eu não senti nada perigoso. Sábado também não. Quando foi domingo de manhã, daí sim. Era seis e meia da manhã, e o padre disse: Todos na sala de oração, na capela. E aí o sol estava nascendo. Aqueles raios de sol entrando, e brilhando naquele cibório. De repente, me deu uma coisa tão boa! Eu vi a mão de Jesus vindo na minha direção. Daquela hora em diante, minha vida deu um salto de novecentos por hora. Nunca mais fui a mesma pessoa!”
“Depois desse dia, nunca mais paramos... A gente começou na Diocese, mas já foi para o Estado, porque no Estado, eles queriam, e nos chamavam. Ela destaca o apoio recebido do Frei Filipinho e também do então padre Orlando Brandes (Hoje, Dom Orlando, arcebispo de Aparecida). Em seu livro, está escrito: “Todo final de semana, Osvaldo e eu estávamos em alguma cidade, com uma equipe para evangelizar e proclamar as maravilhas de Deus: experiências de oração, aprofundamento de dons e carismas, formação sobre os frutos do Espírito Santo e Seminário de Vida no Espírito Santo. Sentia fortemente a presença de Deus em cada missão que realizávamos” (CUNHA, 2019).
“Então foi assim a nossa luta”, ela diz, com simplicidade. Dona Alice foi, por muito tempo, coordenadora da RCC em Santa Catarina, e nesse período fez muitas viagens, não só no estado, mas também pelo Brasil e até ao exterior. Mesmo com medo de embarcar em avião, ela disse sim, e foi participar do Congresso Internacional da RCC em Roma. Participou de um encontro com o Papa João Paulo II, que contou com a presença de aproximadamente mil líderes carismáticos de cem países.
Dona Alice fala manso, baixinho, mas tem muita firmeza no olhar, nos passos e no que faz. Ela frequenta um Grupo de Orações na Catedral e outro na Igreja do Navio. “Ainda atendo pessoas, faço aconselhamentos e orações, junto casais que estão quase se divorciando”. Faz a distribuição de cestas básicas a 20 famílias mensalmente. “E minha vida segue assim”.
Adriana Palumbo