Testemunhos da esperança
Testemunhos da esperança
TESTEMUNHOS DA ESPERANÇA
A partir deste mês, fazendo parte das ações preparatórias ao Jubileu, o Jornal Caminhada vai trazer a história – testemunho de uma pessoa da nossa Diocese. Estamos iniciando com a história do padre Arduino Salami, 96 anos, vigário na Paróquia São Francisco de Paula, no município de Cerro Negro.
“SE FOSSE PARA EU COMEÇAR TUDO DE NOVO, EU RECOMEÇAVA” (Arduino Salame)
“Padre Salami está sempre sorrindo, de bem com a vida, ele é muito bom de lida” – com essas palavras, o pároco, padre Lindomar Borges, recebeu a mim e ao coordenador de Pastoral da Diocese, padre Álvaro Emanoel da Silva, quando fomos ao Cerro Negro para fazer esta matéria. Lindomar contou que Padre Salami levanta cedo, toma um remédio em jejum, e depois o café com leite e torradinhas; “Depois do café, ele toma os remédios de pressão, e geralmente vai para a Igreja, fazer sua oração; em seguida, quando está animadinho, vai fazer a limpeza no pátio, no jardim, na frente e atrás da casa. Tem uma enxada que está bem gasta, mas ele pede para um integrante do Conselho afiá-la. É a terapia dele, faz bem para a saúde. Inclusive lá atrás da casa fizeram um jardim, ele lidava muito ali. Agora ultimamente, que está um pouco mais debilitado e não tem ido, recomendaram para não se esforçar tanto, por causa do sol e calor. Mas ele fica bem à vontade”. Padre Salami gosta muito de ler e escrever: 13 edições de livros publicados: “Minha vida, minha história”.
Os padres Lindomar e Salami moram juntos há 17 anos (8 anos no Cerrito e 9 anos em Cerro Negro), e à noite, costumam assistir ao Jornal Nacional. Nas quartas-feiras assistem o futebol, que gostam bastante. Padre Salami fala carinhosamente do Lindomar: “ele cuida de mim como um pai”.
Infância e vocação
Padre Salami nasceu em Tapera, no Rio Grande do Sul, em 1927, e cresceu ao lado de seus pais e 11 irmãos. “Fui aluno das irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, com educação muito profunda, e o amor ao Coração de Jesus. Eu era coroinha, o padre tinha dois metros de altura, dava medo...”.
Com 11 anos, Pe. Salami foi pela primeira vez para o seminário, dos Redentoristas, mas incomodado com o latim, acabou desistindo, e voltando para casa. Os pais estranharam, mas aceitaram. Depois de 2 anos, a família recebeu a visita de um irmão da Congregação Lassalista, e desta vez, ele seu irmão Izidoro aceitaram o convite, e foram para o seminário em Canoas – RS. Em 1945, aos 18 anos, tornou-se irmão, e passou a ser chamado irmão Miguel Lourenço.
Em 1948, embarcou para Roma (Itália), para trabalhar na Casa Geral da Congregação Lassalista. “Ficamos 13 anos na Itália, à serviço, acolhendo e atendendo as pessoas”. Nesse período ele conheceu pessoalmente três papas: Pio XII, João XXIII e o papa Paulo VI. “Lá eu conheci Dom Oneres Marchiori, que era seminarista, e estudava no Pio Brasileiro, que era pertinho da Casa
Lassalista. Nós jogávamos bola juntos, contra os times de seminaristas, nós sempre ganhávamos...”
Quando voltou para o Brasil, em 1961, foi trabalhar em Flores da Cunha e depois em Carazinho, onde fez o Curso de Contabilidade. Quando se formou, sentiu que era a hora de seguir o sonho de ser padre; então, procurou Dom Oneres (na época era coordenador de pastoral) e perguntou se o aceitariam na Diocese de Lages como aspirante ao presbiterato. Dom Oneres falou com Dom Honorato, e então Arduino Salami veio para a Diocese de Lages, estudar Teologia no Instituto Teológico de Santa catarina (ITESC), integrando a primeira turma em Florianópolis.
A ordenação presbiteral ocorreu em 7 de dezembro de 1975, em Rondinha, no Rio Grande do Sul. “Minha primeira paróquia foi em São José do Cerrito, em seguida trabalhei em Campo Belo, São Cristóvão do Sul, Painel e Cerrito de novo. Depois vim para Cerro Negro, onde estou há 9 anos” finaliza, sorrindo.
O que mais chamou sua atenção na Diocese de Lages foram as figuras do Dom Honorato e do Dom Oneres, e a acolhida do povo, da comunidade. “Foi uma caminhada, um desafio. Em cada paróquia, uma realidade. Calcule: a gente não merecia tantas coisas de Deus, mas Deus foi um Pai...
Eu não sei como agradecer a Deus, gente; Eu sempre digo assim: que que eu fiz para merecer tudo isso? Nada!”
Ao final da conversa, foi indagado pelo coordenador de Pastoral, padre Álvaro: “O que o senhor diria para alguém que está pensando em ser padre e esteja em dúvida?”. Padre Salami riu, e respondeu: “Eu diria: meu filho, vale a pena! Diga sim, e vai! você será feliz! Se fosse pra começar tudo de novo, eu recomeçava!!”
Adriana Palumbo