Notícia
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Neste SÃnodo, tivemos a graça de escutar as vozes dos pobres!
Na homilia do dia do encerramento do Sínodo da Amazônia, o Papa Francisco falou sobre o fariseu e o publicano; A arrogância e desprezo do fariseu, por um lado, contrastando com o reconhecimento dos próprios erros e a súplica do perdão do publicano, que se mostra arrependido. Diz o papa:
“Quantas vezes vemos acontecer esta dinâmica na vida e na história! Quantas vezes quem está à frente, como o fariseu relativamente ao publicano, levanta muros para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados. Ou então, considerando-os atrasados e de pouco valor, despreza as suas tradições, apaga as suas gestas, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens. Quanta superioridade presumida, que se transforma em opressão e exploração, mesmo hoje! Vimo-lo no Sínodo, quando falávamos da exploração da criação, da população, dos habitantes da Amazônia, da exploração das pessoas, do tráfico das pessoas! Os erros do passado não foram suficientes para deixarmos de saquear os outros e causar ferimentos aos nossos irmãos e à nossa irmã terra: vimo-lo no rosto da Amazônia. A «religião do eu» continua, hipócrita com os seus ritos e as suas «orações»: muitos dos seus praticantes são católicos, confessam-se católicos, mas esqueceram-se de ser cristãos e humanos, esqueceram-se do verdadeiro culto a Deus, que passa sempre pelo amor ao próximo.
O pontífice continua: “Providencialmente, nesta Missa de hoje, acompanham-nos não só os indígenas da Amazônia, mas também os mais pobres das sociedades desenvolvidas, os irmãos e irmãs doentes da Comunidade da Arca. Estão conosco, na primeira fila”.O papa afirma que a oração do publicano ajudaa compreender o que é agradável a Deus. “Começa, não pelos méritos, mas pelas suas faltas; não pela riqueza, mas pela sua pobreza: não uma pobreza econômica – os publicanos eram ricos e cobravam também injustamente, à custa dos seus compatriotas –, mas sente uma pobreza de vida, porque no pecado nunca se vive bem”.
E continua: “Hoje, contemplando o publicano, descobrimos o ponto donde recomeçar: do fato de nos considerarmos, todos, necessitados de salvação. É o primeiro passo da religião de Deus, que é misericórdia com quem se reconhece miserável. E a sentença final inverte as coisas: quem é bom, mas presunçoso, falha; quem é deplorável, mas humilde, acaba exaltado por Deus. Se olharmos para dentro de nós com sinceridade, vemo-los ambos em nós: o publicano e o fariseu. Somos um pouco publicanos, porque pecadores, e um pouco fariseus, porque presunçosos, capazes de nos sentirmos justos, campeões na arte de nos justificarmos! Isto, com os outros, muitas vezes dá certo; mas, com Deus, não.
O papa conclui: “Neste Sínodo, tivemos a graça de escutar as vozes dos pobres e refletir sobre a precariedade das suas vidas, ameaçadas por modelos de progresso predatórios. E, no entanto, precisamente nesta situação, muitos nos testemunharam que é possível olhar a realidade de modo diferente, acolhendo-a de mãos abertas como uma dádiva, habitando na criação, não como meio a ser explorado, mas como casa a ser guardada, confiando em Deus. Rezemos pedindo a graça de saber escutar o clamor dos pobres: é o clamor de esperança da Igreja. O clamor dos pobres é o clamor de esperança da Igreja. Assumindo nós o seu clamor, também a nossa oração – temos a certeza – atravessará as nuvens”.